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sábado, 19 de junho de 2010

Novas questões velhas perguntas

    A educação de “hoje” vem promovendo conceitos deturpados em relação à construção de significados. Visões de que a informação precisa ser acumulada em grandes quantidades, a tecnologia leva ao progresso, os consumidores têm direitos e eles precisam ser acessados – mesmo que para isso tenham que comprar mais e mais; a globalização e o livre comércio são bons para todos; a educação não é uma mercadoria! Tais visões estão fora de foco.
    Para justificar o princípio da interação social e do questionamento onde ser ensina/aprende perguntas ao invés de respostas, Moreira utiliza um comentário de Postman e Weingarther: “o conhecimento não está nos livros à espera de que alguém venha a aprendê-lo; o conhecimento é produzido em respostas a perguntas; todo novo conhecimento resulta de novas perguntas, muitas vezes novas perguntas sobre velhas perguntas” (op. cit. P. 23 apud MOREIRA, 2005, p. 6). No entanto o conhecimento é construído com base em perguntas, muitas vezes velhas perguntas sobre questões novas.
    Se alguém não souber isto, significa muito provavelmente, que esse alguém já se perguntou sobre isso antes, ou seja, esse alguém está perguntando o que já foi perguntado, portanto, são perguntas velhas sobre questões novas. Novas porque estão “na cabeça” dele. Ninguém, ensina a ninguém. – isso não foi o que Paulo Freire disse! Perceba o referencial.
    Semelhante a pergunta: como as pessoas são capazes de aprender a aprender outra língua? É claro que a resposta não é simples. Mas se olharmos pelo viés da aprendizagem significativa, perceberemos que o fato de ler uma palavra em outra língua e não compreendê-la, faz do indivíduo um questionador. Ele então sai em busca de respostas novas para perguntas velhas. Ao traduzir a tal palavra elucidando assim o mistério de seu questionamento, ele não mais necessitará do tradutor, e quando passar por aquela palavra outra vez, diz-se que ele aprendeu.
    O problema da aprendizagem significativa crítica reside na compreensão da linguagem. Estrutura de comunicação tão falha quanto às melhores formas de representação que temos do mundo. Isto significa que mesmo que acreditássemos na idéia de que compreendemos uma palavra em outra língua, ainda sim não a teríamos compreendido. Aprender a aprender é talvez a única saída que temos para driblar a linguagem. Vejamos um exemplo de “telefone sem fio”, veja como é complicada a compreensão das coisas por meio da linguagem:

"Sinto-me tentado a crer" dizia Locke, resumido por Leibniz, "que, se examinássemos a fundo as imperfeições da linguagem, a maior parte das disputas cairiam por si mesmas e que o caminho do conhecimento, e talvez o da paz, ficariam mais aberto para os homens." (LALANDE, 1999, prefácio)

    Mas é necessário tentar! Por meio do teste, temos a oportunidade de errar e consequentemente, corrigir sistematicamente o erro, promovendo o que é denominado de aprendizagem significativa crítica. Temos que aplicar tudo aquilo que julgamos conhecer, para que desse modo possamos intervir no momento em que acharmos que nosso conhecimento é verdadeiro, absoluto e imutável, ou seja, que somos deuses.

Referências

LALANDE, André. Vocabulário Técnico e Crítico da Filosofia. 3a. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MOREIRA, M. A.. Aprendizagem Significativa Crítica. Disponível em < http://www.if.ufrgs.br/~moreira/apsigcritport.pdf> Acesso em: 19 junho 2010.

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